Doenças inflamatórias intestinais afetam milhares de brasileiros e exigem diagnóstico precoce
As doenças inflamatórias intestinais (DIIs), como Crohn e retocolite ulcerativa, têm afetado cada vez mais brasileiros, especialmente jovens adultos. Caracterizadas por um processo inflamatório crônico no trato gastrointestinal, ainda são pouco compreendidas por boa parte da população.
A jornalista Carla Amaral, de 33 anos, convive com a doença de Crohn há cinco anos. Ela conta que o diagnóstico demorou a chegar. “Eu tinha muitas dores, uma diarreia constante, emagreci muito e acabei com uma grave anemia. Durante meses me disseram que era apenas gastrite, ou pior, diminuiam minha dor para ‘estresse’. Só depois de uma colonoscopia veio a confirmação”, relata. “O mais difícil foi lidar com a insegurança: a qualquer momento, uma crise pode acontecer.”
Segundo a gastropediatra da Hapvida, Daniela Imbiriba, o diagnóstico precoce pode fazer toda a diferença. “Muitos pacientes demoram anos até descobrir que têm uma DII, o que pode levar a complicações muito mais graves. Quando detectada cedo ainda na infância, conseguimos controlar a inflamação e melhorar muito a qualidade de vida com medicamentos e mudanças no estilo de vida.”
Sintomas e tratamentos
Os sintomas variam de acordo com o tipo de doença inflamatória intestinal, mas os mais comuns são diarreia, sangue nas fezes, dores abdominais, perda de peso e fadiga. Em muitos casos, há também um impacto psicológico relevante. “As pessoas evitam sair de casa, sentem vergonha dos sintomas, e isso pode gerar ansiedade, fobia social e depressão”, completa a médica.
O tratamento é individualizado, deve ser prescrito de maneira direcionada por um especialista e pode incluir anti-inflamatórios, imunossupressores, terapias biológicas e, em alguns casos mais específicos, a cirurgia. A alimentação também desempenha um papel fundamental. “É importante ter o apoio de um nutricionista, muitas vezes até de psicólogos e psiquiatras, pois cada organismo responde de uma forma”, explica Daniela.
Para Carla, o acolhimento foi essencial. “Tive que me informar muito por conta própria. Hoje, participo de grupos de apoio e tento ajudar outras pessoas a entenderem que viver com Crohn, e sobreviver com uma doença crônica é sim possível — desde que com informação, cuidado e empatia.” finaliza.
Apesar de não ter cura, as doenças inflamatórias intestinais podem receber tratamento adequado, é possível levar uma vida ativa, produtiva e quase comum. A orientação dos especialistas é clara: ao perceber sintomas persistentes, procure um médico gastroenterologista.
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