Dor de cabeça: neurologista do explica quando é hora de procurar ajuda

Dor de cabeça: neurologista do explica quando é hora de procurar ajuda

Presente na rotina de milhões de brasileiros, a dor de cabeça é, muitas vezes, subestimada. Mas, embora comum, ela pode indicar problemas sérios e até representar risco à vida. A advertência é do neurologista Antônio de Matos, do Hospital Universitário da Universidade Federal do Piauí (HU-UFPI), vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). 

“Uma cefaleia de início súbito e muito intensa, ou que vem acompanhada de perda de consciência ou alguma alteração neurológica, como fraqueza de um lado do corpo, dificuldade para caminhar, para falar ou enxergar, é, sim, um sinal de alerta para algo grave”, afirma o médico. 

Segundo o especialista, há mais de 150 tipos de cefaleia reconhecidos pela medicina. Alguns são primários, como a enxaqueca e a cefaleia tensional, e outros podem estar associados a doenças mais sérias, como aneurismas, tumores e acidente vascular cerebral (AVC).  

Mudanças no padrão da dor também devem ser observadas, especialmente em pessoas idosas. “Quando a pessoa já tem um tipo de dor de cabeça habitual e ela muda, passa a apresentar outro padrão, isso pode ser um indicativo de um processo secundário. Casos em que a dor piora com esforço físico ou ao levantar peso, por exemplo, também podem sinalizar algum transtorno no sistema nervoso central”, explica Antônio. 

Entre as cefaleias primárias, a enxaqueca se destaca como uma das mais frequentes e incapacitantes. Ela costuma provocar dor intensa, acompanhada de náuseas, vômitos e sensibilidade à luz e ao som. Já a cefaleia tensional, outro tipo comum, é caracterizada por uma sensação de pressão na cabeça, como se houvesse uma faixa apertada ao redor. 

Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico da cefaleia é feito com base na história clínica do paciente, levando em conta características como localização, intensidade e duração da dor, além de avaliação neurológica. De acordo o neurologista, diversos fatores podem contribuir para o surgimento do problema. “Ansiedade, sintomas depressivos, insônia, alimentação inadequada e sedentarismo estão entre os principais fatores que influenciam com frequência o surgimento de dor de cabeça”, garante. 

O tratamento varia conforme o tipo de cefaleia e pode envolver tanto medidas preventivas quanto o controle da dor aguda. “Se for enxaqueca ou cefaleia tensional, conseguimos fazer um tratamento preventivo. Além disso, existe o tratamento agudo, que é para aliviar a dor naquele momento. São medicamentos diferentes, então é importante saber que há tanto o tratamento preventivo quanto o da fase aguda”, detalha. 

Nos últimos anos, houve avanços importantes na abordagem da enxaqueca. “Temos medicações desenvolvidas especificamente para tratar a alteração que ocorre no cérebro de pacientes com enxaqueca. Esses medicamentos atuam diretamente no mecanismo da dor, diferente dos tratamentos antigos, que agiam em outras áreas, e não no local de origem da dor. Esse é o principal avanço, mas também há progresso na compreensão de outras cefaleias primárias, o que permite tratá-las de forma mais adequada”, complementa o médico. 

Cuidado com a automedicação

Um dos principais alertas do neurologista diz respeito ao uso indiscriminado de analgésicos, hábito que pode transformar uma dor pontual em um problema crônico. “O uso excessivo de remédios analgésicos piora a dor e a torna crônica. Sempre orientamos a não fazer uso abusivo desses medicamentos, porque, em vez de melhorar, eles acabam cronificando a dor e dificultando o tratamento”, alerta. 

A recomendação, segundo o especialista, é buscar avaliação médica sempre que a dor apresentar sinais de anormalidade ou for persistente, com o objetivo de evitar complicações e garantir um tratamento adequado.

Compartilhar o conteúdo:

Publicar comentário