Mais da metade das mães desiste de amamentar antes do 6º mês

Mais da metade das mães desiste de amamentar antes do 6º mês

Apesar das campanhas de incentivo ao aleitamento materno, os números ainda revelam um desafio preocupante: apenas 45,8% dos bebês brasileiros com menos de seis meses são alimentados exclusivamente com leite materno, segundo o Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (Enani), encomendado pelo Ministério da Saúde. E o principal motivo para a interrupção precoce da amamentação não é a falta de leite, mas sim a ausência de apoio e de orientação à mulher, especialmente nos primeiros dias após o parto.

Durante o Agosto Dourado, mês dedicado à conscientização sobre a importância do aleitamento, especialistas reforçam que amamentar não é tarefa solitária, é uma construção coletiva que depende da rede de apoio à mãe e do acolhimento emocional durante o puerpério. De acordo com a pediatra da Hapvida, Gorete Garcia, a presença ativa de profissionais de saúde, parceiros, avós e familiares próximos faz toda a diferença na experiência da mãe e na continuidade do aleitamento.

“A mulher que amamenta precisa ser cuidada. Nos primeiros dias, ela está frágil, cansada, cheia de dúvidas. O apoio emocional e prático é determinante. Quando ela é orientada, acolhida e tem ao redor uma rede que valida seu esforço, tudo muda”, afirma a pediatra.

Na prática, o que sustenta o aleitamento vai muito além da produção de leite. Gorete destaca que o suporte técnico na maternidade, com pediatras e enfermeiras obstétricas, é fundamental para corrigir a pega, orientar sobre o tempo das mamadas e evitar complicações como fissuras ou mastite. Mas esse cuidado precisa continuar em casa.

“O parceiro ou parceira pode dividir tarefas, garantir que a mãe descanse, preparar refeições, acolher o bebê entre as mamadas. Os avós e familiares precisam evitar julgamentos e apoiar com escuta e empatia. É isso que sustenta o processo”, complementa a médica.

Além dos fatores fisiológicos, o impacto emocional também pesa. Culpa, insegurança e sobrecarga são sentimentos comuns relatados por mulheres que enfrentam dificuldades com a amamentação. Por isso, o tema precisa ser tratado com empatia e responsabilidade social.

A psicóloga Kelly Silva, 37 anos, que segue amamentando o filho Asaph, de 8 meses, desde o nascimento, reforça o quanto a experiência vai além da nutrição. “A cada dia, sinto que criar esse vínculo é também alimentar o emocional, além do corpo. É afeto, conexão e certeza de que estou oferecendo segurança para meu filho crescer com confiança”, diz.

Ela destaca ainda a importância da rede de apoio nesse processo. “Ter uma rede de apoio após o parto fez toda diferença na minha experiência. Contei com o apoio da minha mãe e do meu marido e ocorreu tudo bem. Sigo feliz com a maternidade, apesar das dificuldades naturais de uma mãe de primeira viagem.”

Compartilhar o conteúdo:

Publicar comentário