Saúde mental materna: o cuidado que toda mãe merece mas que ainda é negligenciado

Saúde mental materna: o cuidado que toda mãe merece mas que ainda é negligenciado

A chegada de um filho é, para muitas mulheres, o momento mais transformador da vida. Mas, por trás das fotos fofas no berçário e das mensagens de parabéns, existe uma realidade muitas vezes silenciosa e solitária: o impacto na saúde mental da mulher que acaba de se tornar mãe. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), uma em cada cinco mulheres sofrerá com algum transtorno mental durante a gestação ou no pós-parto – a depressão pós-parto é a mais comum, mas não a única. E, ainda assim, o tema continua cercado de tabus.

Para o psicólogo clínico e neuropsicólogo da Hapvida, Carol Costa Júnior, é preciso acender um alerta: “Existe uma romantização da maternidade que desumaniza a mulher. Espera-se que ela esteja plena, feliz, realizada mesmo quando está exausta, com dor, insegura e emocionalmente sobrecarregada”, diz ele.

“Há uma mudança não só hormonal obviamente, mas também de vários aspectos sentimentais e também psicológicos. Existe toda a expectativa junto com apreensão no sentido de algo novo, desejo e possibilidade de futuro, então é normal que as mães fiquem mais emotivas. É um momento mágico, ele é muito bonito pros comerciais e pros filmes, mas na vida real não é dessa forma que acontece”, explica o psicólogo.

Para o especialista, reconhecer que a saúde mental da mãe precisa de cuidado não é luxo, é necessidade. “O puerpério, aquele período logo após o parto, é um tsunami emocional. E a mulher precisa ser amparada, acolhida e receber atenção, ou corre o risco de adoecer emocionalmente”, afirma.
Uma realidade que precisa ser ouvida.

A jornalista Katiuscia Macedo, de 29 anos, deu à luz há apenas alguns meses. Ela conta que se preparou para o seu segundo parto, mas não para o que viria depois. “Acordo cansada, durmo mais cansada ainda. Foi desafiador, as mudanças principalmente descobrir o diagnóstico de APLV do meu bebê, acabou sendo ainda mais difícil emocionalmente, pq encarar um pós parto com algum diagnóstico diferente do esperado sempre é mais complicado. As mudanças físicas também me abalaram bastante. Mas o mais difícil de tudo é encarar o puerpério”, contou.

Katiuscia pode contar com a rede de apoio familiar. “Minha saúde mental foi totalmente abalada, noites sem dormir, dores no pós-parto, tive muita dificuldade na amamentação, meus seios feriram, e foi bem difícil conseguir encarar todas essas dores físicas e ao mesmo tempo, lhe dá com um bebê recém-nascido, mas o q me ajudou foi está com minha mãe, ter o apoio emocional que ela pode me proporcionar, dela estar ali comigo, nos momentos em q eu n sabia mas de onde tirar forças”, finalizou a jornalista.

Rede de apoio que salva
A recomendação do especialista é clara: criar uma rede de apoio. E isso não significa apenas ajudar com o bebê. “Perguntar como a mãe está, oferecer escuta sem julgamentos e lembrar que ela também precisa comer, dormir e descansar é o mínimo”, destaca o psicólogo, acrescentando que “é necessário um companheiro atento, uma rede de apoio que seja real, alguém despeço que não participa também não ajuda muita coisa. Para os pais, a vida dele não muda nada a princípio, mas pra mulher é uma nova realidade, então estar atento a tudo e todos os detalhes é o trabalho base desse companheirismo.”

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